segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Você morreu?!

Às vezes a gente morre. Não de verdade.
Bem, às vezes a gente morre de verdade, mas isso só acontece uma vez na vida.
O que quero dizer é que às vezes a gente morre metaforicamente.
A morte metafórica ocorre quando algo, ou alguém, nos afeta de uma maneira que é como se a gente morresse. A vida seca, fica cinza.
Como diria Roberto, vivemos uma "alegria triste".
Muitos sofrem essa mortefórica e ficam pra sempre no limbo. E aí é como se morresse em vida, e estivesse esperando a morte real chegar.
Os que vivem nesse limbo são facilmente reconhecíveis: perderam a capacidade de sentir prazer, de ser feliz, de aproveitar o mundo. E quando começam a reviver, a sentir, quando uma fagulha de vida e esperança volta brilhar ali onde havia um coração, tratam logo de apagar com um sopro: não, a vida dói, melhor viver no limbo.
Outros renascem.
Após a mortefórica, depois de um período no purgatório, tem pessoas que revivem. Que saem da vida gris, do cinzento, a alegria triste, e se tornam outra pessoa. Constroem uma nova vida.
Quando se renasce, passa-se a ver coisas nesse mundo gigante que antes passavam despercebidas. E aquelas coisas que um dia pareceram tão importantes se tornam menores. Com a morte a gente aprende. A gente aprende que o mundo continua girando, que as pessoas continuam vivendo e que a sua morte, no fim, não significa muita coisa pros outros, só pra você.
Curiosamente, sua vida, sua alegria, sua companhia, significam muito mais para as pessoas ao seu redor.
Sair da mortefórica não é fácil. Ficar ali, cultivando a dor e a pena a si próprio é mais fácil, mais tranquilo. E é covarde.
Exige-se tremenda coragem renascer, criar uma vida nova e ser uma pessoa nova. Afinal, ao se optar por viver, junto com o pacote - tal qual um MCLanche Feliz - existem os efeitos colaterais. Ao se viver, pode-se morrer de novo.
Eu recomendaria, se me perguntassem de novo, reviver sempre. Se a vida só der limões, um dia faça a tal da limonada. Noutro dia, taque tudo de volta na cara dela e diga: agora eu quero graviolas, motherfucker! Ela dará, desde que você suba na árvore e colha.
Se você opta pela morte, pelo limbo, pela autocomiseração, azar. O mundo vai girar, vai passar, as pessoas vão viver. Diria a Luka, "sem você, o mundo continua a girar" - sim, eu mencionei Roberto Carlos e Luka na mesma conversa.
E não tente se enganar achando que os outros vão sentir pena de você, só porque você tem pena de si. Elas vão até fingir por um tempo. Mas... o mundo gira - de novo - e você passa.
Resta escolher entre ficar parado, olhando a vida passar, ou entrar na festa. Porque ela é uma festa. E todo mundo foi convidado, só que nem todos vão.

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